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Filha das sombras

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A deusa da noite não se importa com a escuridão, a deusa criou as estrelas no céu para iluminar a noite. Não é uma deusa má, porem beira a loucura, para ela nada é tão ruim. A própria noite, sendo tão bela, não pode ser maligna.

Uma garota comum levava uma vida comum para a maioria das garotas do reino, uma vida difícil para aqueles que não possuem muito dinheiro, mas ainda assim uma vida, mesmo que comum. Porem o acaso mudou totalmente a história do mundo. Um acaso conhecido pelos alquimistas como Catalepsia.

Era muito cedo quando os pais vieram acordar a garota. De inicio eles ficaram com raiva, mas logo ficaram com medo de logo em seguida tristes quando descobriram que sua filha estava morta.

Deram inicio aos ritos funerários, envolvendo a jovem num sudário e colocando a em seu tumulo, uma gruta grande onde o corpo repousava em cima de uma mesa de pedra.
...

Aquele pequeno anjo acordou envolta em seus lençóis, ao menos foi o que pensou. Logo se deu conta que estava deitada em cima de uma mesa de pedra e não de seu macio colchão de palha. Sentou-se deixando o pano cair em seu colo. Sentiu frio. Seus pés tocaram um chão de terra batida. Não sabia onde estava, nem conseguia enxergar, passou-se um longo tempo, mas sua vista não se acostumava com a escuridão.

Ela tateou o chão formado de terra, onde nasciam algumas plantas. Tateou mais, encontrou uma parede de pedra. As paredes eram altas. Não alcançou o teto. Olhou para cima, não enxergava nada, nem ao menos sabia se havia um teto.

A fome apertava cada vez mais. Seu estomago doía, até as pedras pelo chão pareciam apetitosas. Rendou-se e comeu as folhas e raízes do chão por hora aquilo enganou seu estomago serviram de alimento, era horrível, mas aquilo não importava. Seu pensamento se perdia imaginando quando tudo iria acabar.

Talvez dias e noites tenham se passado, mas naquele lugar atemporal, ela nunca saberia. Não via nada a não ser a escuridão daquele ambiente fechado. A loucura começou a tomar conta dela. Cada vez mais sua mente se esvaia, nunca gostou do deus do caos, mas já começava a entendê-lo. Toda aquela loucura sem sentido. Sorriu, pensou que entendera o deus da loucura, só podia estar enlouquecendo.

“Esse mundo é podre, tudo está corrompido. Tanto tempo se passou, qual era mesmo o meu nome”. Às vezes ela falava sozinha, não existia um som sequer, nem o ruído do vento, contudo depois de tanto tempo no escuro e no silencio, ela já via e ouvia coisas que não existiam. Louca... Talvez, ou apenas sozinha. Não aguentava mais. “Onde estou, por que me fizera isso? Quem sou eu? Meu passado começa a se perder em minhas lembranças” Cada vez que tentava mergulhar numa memoria, tudo ficava nublado, e quanto mais ela pensava mais ela esquecia. Resolveu parar.

Varias vezes, pensou ter ouvido uma voz lhe chamar, ou então orações distantes.  Pensou que devia ter sido um sonho, a escuridão era tão densa que ela já não diferenciava sonhos de realidade. Via coisas no escuro, cada vez mais nítidas, mas não as tocava, não sabia mais se estava dormindo ou acordada.

Às vezes via bestas espreitando no escuro. Com olhos macabros e uma respiração pesada. Tinha medo, mas se acostumou. Sua imaginação nunca a fez mal, nunca a machucou. Pelo menos não fisicamente.

Gritava, urrava de loucura, sentia o gosto de sangue e bile na sua boca, tudo isso passava pela sua garganta e escorria pelos seus lábios. Arranhava sem parar, tanto as paredes, quanto a si mesma, desejou que as bestas que lhe observavam em sua mente fossem reais, desejou com todas as suas forças, a dor não era tão ruim, era a única companheira que ela tinha e assim resolveu abraça-la.

Mesmo que os demônios do abismo aparecessem diante dela, não seria ruim, ao menos teria companhia. “Que venham todos a mim, o inferno deve ser melhor que esse buraco.” Pensava, desejando que a morte a levasse.

Deitou-se no chão, olhou para o teto na sua cabeça, viu a lua, “será que ela esteve sempre ali, desde quando o teto foi em embora?” talvez fosse apenas sua imaginação, mas as estrelas flutuavam no céu. Era tudo tão lindo. Chorou, as lagrimas que caiam de seus olhos representavam sua consciência lhe revelando que aquilo era apenas sua imaginação. Pensou que nuca mais enxergaria a realidade novamente.

Levantou-se de um salto, estava determinada a subir e sair daquele lugar, cravou suas unhas na parede e subiu, subiu o mais alto que pôde. Seu corpo estava cansado, seus braços doíam, mas a lua estava diante dela, e todas as estrelas do céu a cercavam. Subiu, não encontrou fim. Estendeu uma das mãos aos céus, mas não alcançou a lua.

Levantou de um susto. Mais um sonho, que tentou lhe tirar dessa realidade sombria, um sonho bonito, mas que apenas destrói o espirito quando se acorda e percebe que nada é real. Chorou mais uma vez e praguejou contra todos. Sozinha no escuro. As aberrações criadas por ela eram as únicas coisas que a ouviam chorar. Eram piores que demônios, eram piores que os diabos do inferno. Eles eram noite, ódio e solidão.


Ela se digladiou contra as paredes, batendo e arranhando, mordendo e cuspindo seu sangue, se machucava ao fazer isso. Porem se bem soubesse teria feito isso antes. Ao se bater contra umas das paredes a luz penetrou a escuridão.

A parede cedeu, desmoronando sobre a moça. Esmagando seus ossos e órgãos, Uma enorme pedra estava em cima de seu corpo. Tentou gritar, seu pulmão esmagado não conseguiu ter forças para sequer puxar o ar. O sangue escorria farto em cima da grama. Ela chorou dessa vez de alegria, pela primeira vez em muito tempo estava feliz.

Via a enorme lua e as estrelas no céu, sentia a brisa e o orvalho da noite, ouvia agua correndo vindo de um racho próximo. Queria ficar viva para poder aproveitar sua liberdade, tantas vezes desejou a morte que nunca veio em seu auxilio, por que ela a levaria agora?
A noite já vazia parte dela, a escuridão era o seu corpo, trevas era a sua essência. Seus olhos brilhavam como a lua. Seu desejo se tornou realidade Ela se ergueu diante de uma floresta, ao qual andou no escuro, escuro que não era nada comparada ao breu da caverna em que estava. Tudo para ela era tão claro como o dia.

Sentiu raiva ao encontrar uma pequena vila totalmente iluminada por tochas. Por que eles tinham direito a luz enquanto ela passou todo esse tempo na caverna. Sua mente estava deturpada e ela esqueceu toda sua humanidade. Todo diante dela se apagou. Essa era sua vontade.

O brilho dos olhos da mulher voltou. Ela se viu sentada diante de dois corpos humanos. As criaturas que ela via eram reais e como ela, estavam com fome, assim atacaram todos da vila. As suas criaturas mataram e ela os comeu, estava com fome. Voltou a caminhar pela floresta. Achou um lago bebeu a água barrenta sem pestanejar. Saciou sua sede, viu sua imagem refletida no rio. Sua face magra e pálida, seus lábios melados de sangue, cabelos desgastados e sujos.

Seus olhos possuem íris brancas, pareciam à lua cheia, enormes íris brancas. Suas criaturas estavam paradas ao seu lado, ela ainda se pergunta se são reais. Tudo está tão estranho, esse mundo parece claro, mesmo estando à noite, ela olha novamente para lua e estende seu braço tampando parte dela. Volta-se para o lago, “agora eu posso toca-la”. A lua refletida no lago se distorce ao toque devido às ondas, assim como a mente daquela mulher.
Um texto sobre a divindade menor Layla.

A história retrata o drama de uma jovem comum que devido a uma doença conhecida como Catalepsia patológica foi sepultada viva.
Acolhida e abençoada por Umbrara, a deusa das trevas, Layla conseguiu sobreviver despertando poderes divinos que rivalizam com os da sua divindade patrona.

Espero que gostem Love 

Essa narrativa se passa em Elizuim, continente fictício do mundo de Vitrúvio RPG +fav 

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Gun-z's avatar
Muito legal..